Denise Stoklos

Stoklos, Denise (1950)

Biografia
Denise Stoklos (Irati PR 1950). Diretora, atriz e escritora. Intérprete de amplo repertório cênico e formação múltipla na área performática, Denise Stoklos atua, escreve e dirige seus espetáculos, que se caracterizam pela crítica à sociedade contemporânea e pela expressividade rebuscada.

Em 1968, enquanto cursa jornalismo na Universidade Federal do Paraná (UFPR) e sociologia na Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC/PR), encena o primeiro trabalho autoral Círculo na Lua, Lama na Rua, no qual é responsável pelo texto, pela direção e pela cenografia. Ainda em Curitiba, participa de outras produções amadoras e faz duas substituições nos espetáculos Arena Conta Zumbi e Arena Conta Tiradentes, ambos do Teatro de Arena, em temporada na cidade. Transfere-se para o Rio de Janeiro em 1973, e integra o elenco de Missa Leiga, montagem de Ademar Guerra. No ano seguinte, em São Paulo, faz Bonitinha, mas Ordinária, texto de Nelson Rodrigues, sob a direção de Antunes Filho. Em 1976, integra o elenco de Sai de Mim Tinhoso, uma colagem de textos de Bertolt Brecht dirigida por Luís Antônio Martinez Corrêa, e, em 1977, participa de Um Ponto de Luz, de Fauzi Arap, com a Royal Bexiga’s Company.

Parte então para o exterior, passando por Israel e países da África e Europa. Em Londres faz cursos de mímica com Desmond Jones, de clown com Franki Anderson e de acrobacia com Eugênio Barba. A influência das especializações e as técnicas aprendidas levam Denise a produzir Three Women in High Heels, montagem que percorre diversas capitais européias, em 1979. Volta ao Brasil em 1980 e apresenta sua última criação, Denise Stoklos: One Woman Show, espetáculo solo cuja temática se estabelece em torno da maternidade e da natureza, misturando recursos de música e dança.

Em 1982, cria Elis Regina, peça sobre a obra da cantora, realizada pouco depois de sua morte. Passa breve temporada em Londres, voltando ao Brasil ainda em 1983 para encenar, sob a direção de Antônio Abujamra, Um Orgasmo Adulto Escapa do Zoológico, de Dario Fo e Franca Rame, obra solo com grande repercussão pública, sobretudo pelo uso de soluções mímicas e clownescas,  sendo premiada com o Apetesp de melhor atriz.

Em 1987 parte para os Estados Unidos, onde cria Mary Stuart, lançado no Café La MaMa e trampolim para sua projeção internacional, além de fio condutor da produção Casa, espetáculo performático com o qual viaja diversos países, utilizando as línguas nacionais das regiões onde se apresenta, o que consolida sua carreira no exterior. É também essa produção que a faz estabelecer as bases do “teatro essencial”, construído sobre as relações reflexivas, que se dão dentro de uma dimensão temporal específica e que atuam sobre atores, personagens, texto, contexto e público.

Suas últimas criações vinculam-se, cada vez mais, a temas sociais e políticos, como Um Fax Para Cristóvão Colombo, em 1992, Amanhã Será Tarde, em 1994, Elogio, em 1995, baseada em escritos de Jorge Luis Borges, Desobediência Civil, na qual se apropria de textos do pré-anarquista Henri Thoreau, em 1998, Vozes Dissonantes, sobre os 500 anos do descobrimento do Brasil, no ano seguinte. A partir de 2001, se dedica a criação de espetáculos que dialogam com a produção de outras artistas, como Louise Bourgeois, espetáculo sobre a vida e obra da escultora francesa, apresentado novamente no La MaMa, em Nova York, e, no Rio de Janeiro, Calendário de Pedra, baseado no poema Book of Aniversary, da escritora norte-americana Gertrude Stein.

Ao apreciar seu trabalho, comenta o crítico Yan Michalski: “[…] por trás do resultado convincente está não só uma inteligência criativa, mas também uma técnica segura e variada. Gestos nítidos, precisos, desenhados com elegância; um domínio do corpo que permite extrair efeitos surpreendentes desse fundamento da gramática mímica que é a variação rítmica; um rosto expressivo, versátil, capaz de intensas mutações; e uma arguta escolha dos poucos objetos usados como apoios, quer se trate de máscaras ou de objetos de uso cotidiano transformados em símbolos”.


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